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ENSINO MÉDIO - BIOLOGIA
Penicilina: contexto, descoberta e importância
21/05/2021

O termo “microrganismo” costuma ter conotação negativa, popularmente. É comum que os seres microscópicos, de modo geral, sejam apenas lembrados pela sua patogenicidade. De fato, existem aqueles capazes de causar doenças e/ou provocar infecções em diversos seres vivos, como em nós, seres humanos. Contudo, muitos outros não o são. Boa parte dos microrganismos executa funções importantes à manutenção do equilíbrio ecológico dos ecossistemas dos quais fazem parte, como a ciclagem da matéria orgânica, por meio da sua ação decompositora. Outros, inclusive, exercem papeis importantes à nossa própria sociedade, ao serem utilizados em processos industriais.

Podemos citar diversos exemplos de como a ação dos microrganismos pode ser/é proveitosa a nós. Entre eles, a produção de alimentos (como pães, iogurtes e vinhos), de polímeros (como bioplásticos), de vacinas e de medicamentos. Nesse último caso, vale destacar a penicilina, o primeiro antibiótico que foi amplamente utilizado pela medicina, cuja descoberta foi atribuída ao médico inglês Alexander Fleming (1881-1955). Na época, seu uso foi de extrema relevância para o tratamento de soldados feridos em batalhas durante a Segunda Guerra Mundial, além do tratamento de indivíduos acometidos por doenças que eram consideradas fatais, como a pneumonia e a tuberculose.

O trabalho com esta temática em sala de aula pode evitar com que os alunos tenham percepções negativas sobre os microrganismos, ao reconhecerem sua importância ao ambiente e à sociedade. Além disso, permite a abordagem de algumas características da Ciência, caso sejam apresentados os contextos relativos ao descobrimento de sua capacidade de atuar nos processos industriais citados.

Retornando ao exemplo da descoberta da penicilina, é possível discorrer sobre sua ocorrência de forma “acidental”, quando as culturas de bactérias Staphylococcus aureus (causadoras de doenças aos seres humanos) estudadas por Fleming foram contaminadas, não intencionalmente, por fungos. Frente a esse episódio, ele poderia descartá-las – já que o crescimento dos fungos teria "prejudicado" a condução de sua pesquisa. No entanto, Fleming optou por não o fazer e, sim, analisá-las, ao observar que, em algumas regiões das culturas, os fungos teriam inibido o crescimento das bactérias anteriormente cultivadas – o que poderia ser um indício de que produziriam substâncias antibactericidas.

Nesse exemplo, o uso do termo “acidental” entre aspas foi, justamente, proposital. Isso porque ele pode conduzir a um entendimento equivocado da forma como se dá a construção dos conhecimentos científicos. Este termo foi utilizado para descrever que suas conclusões sobre esse antibiótico foram enunciadas após a contaminação não desejada das culturas bacterianas de Fleming. O “acidental”, neste caso, não ilustra um “insight brilhante” de sua conclusão, ao acaso. Pelo contrário, a descoberta da penicilina partiu de uma observação feita pelo médico em suas culturas contaminadas (que seriam descartadas), a qual conduziu a elaboração de hipóteses sobre o fenômeno observado (possível ação antibactericida), que foram posteriormente testadas por meio de processos sistematizados, para, então, se elaborar conclusões.

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Referências:

[1] Nossa capa: Alexander Fleming e a descoberta da penicilina. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 45, n. 5, p. I, 2009.

[2] RAMOS, Maria. "É um milagre!". In Vivo (FioCruz). Disponível em: https://www.invivo.fiocruz.br/historia/e-um-milagre/. Acesso em: 13 abr. 2023.

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